Agência: Agência Bom Dia
Período de operação: 2006 – 2016
Website: www.redebomdia.com.br
Tipo: syndicate
Segmento/Setor: conglomerado
Serviços: texto, foto
Escala: regional
Redação central: Jundiaí – SP
CNPJ: 07.602.781/0001-33
Razão social: Diário de São Paulo Comunicações Ltda.
Proprietários: Rede Bom Dia (2006-2013), Cereja Digital (2013-2016)
Fundadores: J. Hawilla (José Hawilla, 1943-2018)
A Agência Bom Dia foi uma agência de notícias de conglomerado (syndicate) fundada em 2006 em Jundiaí (SP) por J. Hawilla, dono da Traffic, empresa de marketing esportivo que chegou a operar um grupo de mídia regional chamado Rede Bom Dia. A exemplo da Meridional, a Agência Bom Dia gerenciava o intercâmbio de textos e fotos entre jornais do próprio grupo, que chegou a ter edições locais em São José do Rio Preto, Bauru, Sorocaba, Jundiaí, Marília, Osasco, Catanduva, Fernandópolis e no ABC Paulista (todas no interior de São Paulo e levando a expressão “Bom Dia” no título), além do Diário de S.Paulo, comprado em 2009 do Grupo Globo. Concorria com a Agência Anhanguera no mercado de imprensa do interior paulista. Também fornecia fotos para a Agência Estado.
Segundo Pacheli (2009, p. 55), a Agência Bom Dia foi criada “no início de 2006” e integrada à área do grupo chamada Central de Edições Compartilhadas (CEC). De acordo com textos corporativos citados pelo mesmo autor (2009, p. 54), a CEC funcionava para “editar diferentes formatos e edições simultaneamente”, responsável “pelo fechamento de cinco jornais com três formatos diferentes, além de coordenar cadernos e projetos especiais”. Pela descrição, era uma estrutura em muito semelhante à Rede Nacional da Última Hora (RNUH).
Com o objetivo de distribuir notícias e fotografias sobre o interior paulista para os jornais de todo o Brasil, a Agência Bom Dia destacou-se em algumas coberturas, como a da rebelião da Cadeia Pública de Jundiaí. A Agência Bom Dia […] compõe o mecanismo de fechamento da CEC e emprega dez profissionais entre repórteres-fotográficos e coordenadores.
(PACHELI, 2009, p. 55)
Em entrevista para Cicillini (2008), o então editor de esportes Sérgio Pais explicou que a CEC servia para reduzir redundância no trabalho de apuração e edição, exatamente como a RNUH, enquanto a Agência Bom Dia era o syndicate de revenda do serviço fotográfico:
A rede trabalha com agências de noticias. No caso, é a CEC que concentra esse trabalho de produzir o material nacional e internacional e enviar para as praças. Porque, senão, Bauru ia ter que colher esse material, São José do Rio Preto também, então já ficou estabelecido isso. A central produz esse material comum.
(CICILLINI, 2008, p. 183)
Você imagina, por exemplo, a votação no congresso da CPMF. Se o material não fosse feito pela central, as praças, cada uma, teriam que buscar esse material de agências e editá-los. Hoje só a CEC faz e as praças recebem. E nesse aspecto fica visível a racionalização do trabalho, se não você teria quatro jornais fazendo um mesmo trabalho quatro vezes. Seria um desperdício você se concentrar esforços numa matéria de esporte sobre o Corinthians, por exemplo, com o quadro enxuto que nós temos para a cobertura local, sendo que a Central já fez esse trabalho lá para Jundiaí.
No caso das fotos, foi criada a Agencia Bom Dia, que é onde são reunidos todos os materiais fotográficos produzidos nos jornais. É ela que determina, por exemplo, se vai ceder, se vai vender o material para outros jornais ou meios de imprensa.
Em 2013, J. Hawilla foi preso nos EUA pelo FBI, suspeito de obstrução de Justiça, e tornou-se delator de um esquema internacional de corrupção na FIFA e na CBF. Morreu em 2018. A prisão o levou a se desfazer de vários negócios. Em 2013, a Traffic vendeu a Rede Bom Dia para outro grupo de marketing, Cereja Digital, do empresário Mario Cuesta. Em meados de 2016, Cuesta chegou a negociar assumir os negócios da EJESA/Ongoing no Brasil, que incluem os jornais O Dia e Meia Hora, no Rio, o portal iG e a Agência O Dia, mas desistiu após alguns meses.
Após a venda da Rede Bom Dia, a agência encerrou suas atividades na prática, mas existiu formalmente por mais três anos, até 2016. A agência não tem sinais de atividade desde então. Em 2018, o Diário de S.Paulo faliu e foi novamente vendido, desta vez para o empresário e político Kleber Moreira, que o relançou em 2019.
Como citar:
AGUIAR, Pedro. Agência Bom Dia. História das Agências de Notícias Brasileiras e das Agências de Notícias Estrangeiras no Brasil [documento eletrônico]. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2025. Disponível em https://agenciasdenoticias.uff.br/2025/03/01/bom-dia/.
Referências bibliográficas:
CICILLINI, Fernanda Maria. Gestão da informação na cadeia produtiva do jornalismo impresso. 2008. 194 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, 2008. https://acervodigital.unesp.br/handle/11449/89479
PACHELI, Rihab Abdel Hafiz. Jornalismo Pós-televisivo: o caso do jornal Bom Dia Bauru. 2009. 133 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, 2009. UNESP. http://hdl.handle.net/11449/89391