Metodologia

O principal objetivo da pesquisa foi coletar informações como nomes de agências, datas de fundação e de extinção, sede, escritórios/sucursais/bureaux, proprietários, serviços ofertados e clientes, de forma a montar inventários de agências de notícias que funcionam ou funcionaram no Brasil (índices cronológicos e alfabéticos) e nomes de profissionais que trabalharam nelas (índice onomástico).

A pesquisa é feita de forma documental, bibliográfica e, sobretudo, hemerográfica. Os dois conjuntos de objetos da pesquisa são:

  1. agências de notícias brasileiras: empresas ou organizações de produção e distribuição de material jornalístico (texto, foto, som, vídeo, infográfico) em fluxo contínuo, estabelecidas com sede no Brasil e geridas (dirigidas, gerenciadas, editadas, lideradas) por cidadãos brasileiros (natos ou naturalizados);
  2. agências de notícias estrangeiras atuantes no Brasil: empresas ou organizações de produção e distribuição de material jornalístico (texto, foto, som, vídeo, infográfico) em fluxo contínuo, estabelecidas com sede fora do Brasil e/ou geridas (dirigidas, gerenciadas, editadas, lideradas) por estrangeiros (cidadão de outras nacionalidades que não a brasileira).

Empresas jornalísticas estrangeiras baseadas no Brasil que não tenham atuação caracterizada nos termos acima, de distribuição a clientes em fluxo contínuo, não são objeto da pesquisa (exemplos: BBC Brasil, CNN Brasil, Deutsche Welle Brasil, El País Brasil, Radio France Internationale Brasil, The Intercept Brasil). Agências de notícias que não tenham relação com o Brasil (seja por operação em território nacional, seja por serviço à imprensa brasileira), assim como agências de checagem (Agência Lupa, Aos Fatos) e de reportagem (Agência Pública, Amazônia Real, Agência Mural, Agência Nossa, Sportlight), tampouco são contempladas.

Para o levantamento das referências, o principal método empregado é a pesquisa hemerográfica e o principal corpus da pesquisa científica é a coleção de jornais impressos digitalizados da Hemeroteca Digital Brasileira (HDB) da Biblioteca Nacional, cujos textos podem ser acessados no website <memoria.br.br> e estão, em sua maioria, indexados para busca por meio da tecnologia de reconhecimento óptico de caracteres (OCR, na sigla em inglês). Com buscas por vocabulário controlado (palavras-chave previamente definidas) no acervo, localizamos informações sobre a atuação das agências de notícias no Brasil, tendo os jornais como principais clientes. Após a coleta, fazemos a tabulação dos dados para melhor visualização e acesso com os seguintes campos: periódico, URL, data, edição, página, coluna, título da matéria ou coluna, assinatura/autoria, agências citadas, pessoas citadas, evento, cidade, UF, coletor(a), data de coleta e observações.

Eventualmente, para casos de edições ou jornais não digitalizados, disponíveis somente para consulta presencial na coleção de Obras Raras, foram feitas visitas à Biblioteca da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

Na fase exploratória, foram escolhidos os jornais de referência para cada período, privilegiando aqueles que atendam aos critérios de: a) coleção completa na Hemeroteca Digital; b) digitalização do texto em OCR; c) maior abrangência de cobertura territorial.

Uma vez determinados os veículos, procedemos à busca por menções às agências para além das citações de siglas nas reproduções dos despachos ordinários no noticiário cotidiano (notícias provenientes de agências publicadas em impressos), filtrando por operadores booleanos e tomando por referenciais os seguintes pontos:

  1. Levantamento de referências nominais a agências de notícias atuantes no Brasil (brasileiras ou estrangeiras);
  2. Levantamento de referências nominais a criadores, gestores e jornalistas de agências de notícias atuantes no Brasil (brasileiros ou estrangeiros);
  3. Levantamento de referências factuais de acontecimentos relativos à atuação de agências no Brasil: notícias de criação e fechamento, abertura de sucursais, ofertas de novos serviços, homenagens a seus proprietários ou gestores, além de anúncios, relatórios, editais, prestações de contas e publicidade legal.

Tabulação dos dados

As referências coletadas nos acervos são tabuladas em um banco de dados digital, contendo 16 planilhas segmentadas por períodos (oito para agências brasileiras e oito para agências estrangeiras: 1874-1889, 1890-1899, 1900-1909, 1910-1919, 1920-1929, 1930-1939, 1940-1949 e 1950-1958), nas quais foram indexadas pelos seguintes campos:

a) agência(s) mencionada(s)

b) publicação fonte da menção (nome do jornal ou da revista);

c) URL de recuperação direta da edição na Hemeroteca Digital ou outro acervo digitalizado;

d) data da menção;

e) número da edição do jornal/revista;

f) número da página da edição do jornal/revista em que está localizada a menção;

g) número da coluna na página em que está localizada a menção (ordenada da esquerda para a direita);

h) título da matéria ou coluna que faz referência à(s) agência(s);

i) assinatura/autoria da matéria ou coluna que faz referência à(s) agência(s);

j) pessoa(s) ou personagem(ns) mencionado(s);

k) tipo de evento (criação de agência, abertura de bureau, fechamento de bureau, dissolução de agência, primeira aparição, primeiro conteúdo, mudança de equipe, sucursal, equipamentos, oferta de serviço, cobertura, visita, homenagem, aniversário, pessoal, anúncio, relatório, edital, prestação de contas, publicidade legal);

l) cidade (UF) do evento;

m) coletor(a) – pesquisador(a) que realizou a coleta;

n) data da coleta da menção;

o) observações adicionais.

Análise de dados

Uma vez tabulados, os dados são analisados para a identificação dos períodos de atuação de cada agência (marcos iniciais e finais), de seus proprietários, gestores e sedes, dos serviços prestados à imprensa, das cidades onde mantinham escritórios, de jornalistas destacados atuantes nessas empresas, de fatos e episódios indicadores de mudanças importantes e de possíveis tendências conjunturais no setor ao longo do tempo.

A análise dos dados tabulados é feita à luz do referencial historiográfico da imprensa brasileira (BAHIA, 2009; MOLINA, 2015; ROMANCINI; LAGO, 2007; WERNECK SODRÉ, 1966), confrontando-o se necessário, inserindo-os no quadro tecnológico, político-econômico e cultural das diferentes épocas, contextualizando os acontecimentos e considerando as especificidades de cada período estudado.

A janela temporal da primeira fase da pesquisa (2022-2023) foi compreendida entre o ano de 1874, data da instalação do cabo telegráfico, da criação da AAT e da chegada da Reuters e da Havas ao território brasileiro, e o ano de 1958, saída da Reuters e criação da United Press International (UPI). Esse marco final se justifica por coincidir com o processo de modernização da imprensa brasileira (BARBOSA, 2007, p. 156), quando diversos jornais fizeram reformas gráficas e empresariais, editoras como Bloch e Abril começaram a publicar revistas de grande circulação e, na então nascente televisão, configurava-se o telejornalismo como um novo campo de atuação profissional. Todas essas mudanças impactaram o setor das agências de notícias naquele momento. Em função dessa delimitação cronológica, esta fase não foi baseada em entrevistas, mas sim em fontes documentais, hemerográficas e bibliográficas.

Já para a segunda fase da pesquisa (2023-2024), a janela temporal desta fase da pesquisa foi compreendida entre o ano de 1958, data da saída da Reuters e criação da United Press International (UPI), e o de 2024, ano do sesquicentenário do setor. De forma complementar, para o recorte temporal de 1958-2024 foram solicitadas entrevistas com jornalistas, diretores e gestores de agências de notícias, atuais e anteriores, o que não era possível para o período anterior (1874-1958).

Referências bibliográficas

BAHIA, Juarez. Jornal, História e Técnica, vol.1: história da imprensa brasileira. 5ª ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2009.

BARBOSA, Marialva. História Cultural da Imprensa no Brasil: 1900-2000. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.

MOLINA, Matías. História dos Jornais no Brasil, vol.1. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

ROMANCINI, Richard; LAGO, Cláudia. História do Jornalismo no Brasil. Florianópolis: Insular, 2007.

WERNECK SODRÉ, Nelson. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966.

Skip to content